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INTRO: PERSONA

  • Foto do escritor: M. N. C.
    M. N. C.
  • 20 de fev. de 2020
  • 10 min de leitura

Música que deu início a uma das séries de álbuns mais complicadas, ao meu ver, até mais complicada que o ápice do Universo BTS com toda a viagem no tempo e buracos de minhoca. A série MOTS (Map Of The Soul) terá foco o trabalho e desenvolvimento da nossa visão de quem é o BTS, quem são os membros do grupo, quem eles são como um grupo, quem é Kim Namjoon? Quem é Min Yoongi? Quem é Kim Seokjin? Quem é Jung Hoseok? Quem é Kim Taehyung? Quem é Jeon Jungkook? Quem é Park Jimin?


E por isso é uma das séries mais complicadas de se analisar, vai além da superfície e aparências, chegando no centro do ‘eu’. Portanto, posso deixar alguns descontentes com algumas das minhas análises, por isso já peço desculpas com antecedência.


Em "MOTS: Persona" será mostrado as personas, quem, em outras palavras, é mostrado para nós, fãs, ARMYs. O personagem que vemos, ou, os personagens que vemos dependendo da situação e cenário em que os meninos se encontram, suas máscaras. Não digo isso como se o que vemos não seja quem eles são, não. Pois todos nós somos as nossas máscaras, apenas moldamos e escolhemos o que mostrar para a sociedade em cada determinado momento. Múltiplas versões de nós mesmos.


A música “Intro: Persona” é cantada por RM, com um instrumental de “Intro: Skool Luv Affair”. Os temas das duas músicas são paralelas no sentido de que ambas apresentam uma discussão de autodescobrimento, “Intro: Skool Luv Affair” é uma música sobre o descobrimento do estilo Bangtan; já “Intro: Persona” é sobre a jornada de RM para descobrir quem ele é como músico e como um pessoa em geral, uma música auto reflexiva que desafia sua personalidade e caráter.


Irei fazer duas análises separadas, uma para a letra da música e outra do MV, para que o post não fique grande demais ou cansativo demais.

Nessa análise da letra terá muitas referências de outras músicas do BTS, por tanto vou utilizar o mesmo esquema que eu uso nos posts, a música “Intro: Persona” estará sempre de preto, e as outras em vermelho.


LET´S GOOO!!


“Quem sou eu? A pergunta que tive minha vida inteira

A pergunta que provavelmente não encontrarei resposta para toda a minha vida

Se eu fosse responder com mais algumas palavras

Então Deus não teria criado todas essas várias belezas

Como você se sente? Como você está se sentindo agora?”


A música começa com um questionamento feito ao longo de todas as Eras e todas as músicas do BTS, “Quem sou eu?”. Os meninos passaram por vários estágios: de mudarem quem eles são para agradar alguém (“Eu mudei tudo, só para você / Mas eu não me conheço, quem é você?” [Fake Love]), de perceber que não precisam mudar por ninguém, de perceberem que existem vários deles dentro de si mesmo (“Existem centenas de mim dentro de mim / Estou enfrentando um novo eu novamente hoje / É tudo eu de qualquer maneira” [Idol]).


Porém nunca realmente entenderam quem eles são. Não é uma pergunta que pode ser respondida com poucas palavras, se é que pode ser realmente respondida.


“Na verdade, sou muito bom, mas um pouco desconfortável

Ainda não tenho tanta certeza se sou um cachorro ou um porco ou o que mais”


"...cachorro ou um porco". Em 2016 na Coreia do Sul o chefe do departamento de políticas do Ministério da Educação fez um pronunciamento que gerou repercussão no país, em que ele disse que a população do país são como cães e porcos, que 99% dos sul-coreanos não têm capacidade de subir no mundo e podem ser tratados como animais - simplesmente alimentados e mantidos vivos. O tumulto causado levou a população a prestar atenção na estrutura extremamente elitista do governo.


Não é a primeira vez que o BTS faz referência a essa acontecimento, na música “I Am Wrong” numa parte cantada também por RM:

Tem ouvidos, mas não escuta

Tem olhos, mas não vê

Peixes vivem em todos os nossos corações

Seu nome é egoísta, egoísta [jogo de palavras: fish (peixe) e selfish (egoísta)]

Somos todos cães, porcos, nos tornamos cães porque estamos com raiva


“Mas então outras pessoas saem e colocam o colar de pérolas em mim

Ptui!”


Uma referência a um provérbio coreano que diz “돼지의 목에 진주 목걸이” = “colar de pérolas no pescoço do porco”, aqui no Brasil temos um ditado popular parecido, com o mesmo significado, que é “Pérolas aos porcos”. Significa dar algo de valor para alguém que não consegue entender esse valor, e na música RM não sabe o valor que tem porém diz que as pessoas continuam colocando nele importância e valor.


Pode ser interpretado também como, as pessoas veem o que RM não vê em si mesmo, a importância que ele tem, o quão especial ele é, colocam talvez muitas expectativas nele, acima até das capacidade que ele acha que tem.


“Eu rio mais do que antes

Eu sonhava em se tornar um super-herói

Agora parece que eu realmente me tornei um”


Não é a primeira vez que o BTS traz esse assunto, o fato de que eles terem se tornado “super-heróis” para várias pessoas.


Quando criança, muitas sonham em ser super-heróis, mas a pergunta é: Será que você tem o que é preciso para ser um super-herói? Na música “Anpanman” (inspirado no personagem de quadrinhos) eles falam que, mesmo não se considerando qualificados para serem super-heróis, eles sempre tentaram o máximo e sempre estarão ali para ajudar.


[parte da música “Anpanman”]

Eu sou uma nova geração Anpanman

Eu sou um novo super-herói Anpanman


Em “Idol” j-hope também canta que agora eles são como Anpanman.

Às vezes como um super-herói

Eu sou seu Anpanman


“Mas, como acontece, há muita tagarelice

Um diz: "Corra", outro diz: "Pare"

Este diz: "Olhe para a floresta", que diz: "Olhe para a flor selvagem"”


Namjoon percebeu que no seu status quo, sendo um modelo à se seguir, um “super-herói” para muitos e tendo muita influência em várias áreas, ele escuta opinião de vários lados, ordens, regras. Ele reconhece que sempre terá alguém dizendo-o o que fazer, impondo opiniões no que eles fazem, também porque nunca é possível agradar a todos.


Em “Idol” também tem uma passagem desse tipo, porém eles continuam fiéis a música deles e à quem eles são.

[Idol]

Continue conversando, dizendo isso e aquilo

Eu faço o que faço, e você também

Você não pode me impedir de me amar


Outro conflito interno visto nessa parte da música são as perspectivas, se deve olhar a situação como um todo “Olhe para a floresta”, ou olhar os detalhes, as pequenas coisas “Olhe para a flor selvagem”.


“Minha sombra, escrevi e chamei de hesitação

Nunca hesitou depois de se tornar isso

Ele continua aparecendo sob o palco ou a luz

Continua me encarando escaldante como uma onda de calor (Oh merda)”


‘Sombra’ faz parte do arquétipo desenvolvido pelo psicólogo Carl Jung, que será muito utilizado nessa nova Era Map of the Soul. Sombra é a parte obscura da personalidade de alguém, um problema moral que desafia o ego, pois exige um esforço para que essa sombra se torne consciente. “Tornar-se consciente disso [sombra] envolve reconhecer os aspectos sombrios da personalidade como atuais e reais. Esse ato é a condição essencial para qualquer tipo de autoconhecimento.” Que é toda a intenção dessa jornada pelo Mapa da Alma.

Namjoon reconhece que a sua sombra é a sua hesitação, que se encontra sob o placo e muitas vezes sob a luz, dificultado a sua aceitação e apreciação do que ele está vivendo no momento. Namjoon comentou sobre a sua hesitação na conferência ao vivo sobre o álbum “Map Of The Soul: Persona”, em que ele fala:

“Eu acho que subir é semelhante à forma como a sombra fica maior à medida que cresce mais alto. Um dia, eu estava com medo das luzes. Houve momentos em que tive medo da plateia. Eu não podia vê-los, mas eles podiam me ver tão bem [...] Mas o que eu quero alcançar é maior que o medo, e a energia de nossos fãs é maior que meu desejo de fugir [...] Eu não acho que posso superá-lo, então apenas vivo abraçando-o. Estou equilibrando pressão e responsabilidade”

“Ei, você já se esqueceu por que você sequer começou isso

Você só estava gostando que alguém estava ouvindo

Às vezes, tudo soa como um absurdo

Você sabe o que sai de você quando você está bêbado... como imaturidade”


Namjoon se pergunta se ele se esqueceu o do porquê ele começou tudo isso, do porquê ele aceitou se tornar um idol, e de ter abraçado esse estilo de vida. Ele se pergunta se agora ele só faz música porque ele percebeu que tem pessoas escutando e gostando do o que ele tem a dizer, mas ele tem medo de se afogar, ficar bêbado com todo esse reconhecimento e atenção a acabar soando absurdo, divagar em sua música, soar imaturo. Tentando ao máximo lembra de sua verdadeira paixão pela sua arte.


“Alguém como eu não é bom o suficiente para música

Alguém como eu não é bom o suficiente para a verdade

Alguém como eu não é bom o suficiente para um chamado

Alguém como eu não é bom o suficiente para ser uma musa

As minhas falhas que eu conheço

Talvez seja tudo o que eu realmente tenho

O mundo não está realmente interessado na minha falta de jeito”


RM se diz não ser o suficiente e, todas as falhas que ele tem e só ele sabe, parecem ser o centro de tudo, parece ser 100% do o que ele é. E o mundo não está interessando no seu jeito desajeitado de ser. Ele pensa que o mundo não quer conhecer quem ele realmente é.


“Os arrependimentos que eu nem me canso mais

Eu cair com eles todas as noites até eu ficar enojado

E torço o tempo irreversível habitualmente”


Namjoon já se cansou desse hábito de passar tanto tempo pensando nos seus erros do passado, de cair todas as noites pensando sobre. Porém ele agora é capaz de ver seu próprio passado através dos olhos de alguém que sabe melhor e tem crescido de uma forma que reflete isso, aprendendo e aceitando seus próprios erros.


Mas como toda recaída há o desejo de mudar o passado, reverter o tempo, ter feito diferente, mas não é possível pois o tempo é irreversível.


“Há algo que me levantou de novo toda vez

A primeira pergunta

As três sílabas do meu nome e a palavra 'mas' que devem vir antes de qualquer uma dessas”


Namjoon diz que há algo que sempre te levanta, e isso é a sua primeira pergunta, se referindo a pergunta no começo da música “Quem sou eu?”. Indicando que ele é o responsável por se colocar de pé.


A próxima frase pode indicar também que a resposta para essa pergunta é ele mesmo. Não detalhada, nem especifica e nem fixa de quem ele é, igual as personas que muda de acordo com o tempo e situações.


But Namjoon...” (“Mas Namjoon...”), infelizmente, é uma frase utilizada por alguns kpop stans (fãs) quando algum idol faz algo problemático e querem justificar ou abafar essa ação trazendo à tona alguma coisa que o Namjoon fez no passado (que por sinal ele já se desculpou e aprendeu com esses erros). Com isso, na música pode ser entendido como um reconhecimento dos seus errors, do seu passado, quem você é e que você é completo com tudo, personas e sombras.


Outra interpretação que eu tive é que ele [RM] poderia estar se referindo à outra pessoa que ele é, Kim Namjoon, pessoas diferentes (ou não, nem sempre são diferentes, mas só ele sabe realmente disso). Portanto os 'mas' indicariam o contraste entre as versão de uma mesma pessoa.

E novamente, a resposta para a primeira pergunta não é tão simples.


“Então eu estou perguntando mais uma vez, yeah

Quem diabos eu sou?

Diga-me todos os seus nomes, baby

Você quer morrer?

Você quer ir?

Você quer voar?

Cadê sua alma? onde está seu sonho?

Você acha que está vivo?

Eu não sei cara”


No discurso na NU Namjoon pergunta, “Eu gostaria de perguntar a todos vocês. Qual é o seu nome? O que te excita e faz seu coração bater? Conte-me sua história. Quero ouvir sua voz e quero ouvir a sua convicção.”


Depois Namjoon se questiona para saber o que ele quer; onde está a sua alma; onde está o seu sonho; voltando as Eras antigas, em que eles estavam descobrindo os seus sonhos [No More Dream], decidindo se queriam viver [Blood Sweat & Tears], pensando em voar [Interlude: Wings].


“Mas eu sei uma coisa

Meu nome é R”


Todos os seus nomes de palco começaram com R (Runch Randa, Rap Monster, RM), sendo talvez uma das poucas certezas que ele tem nada vida.


“O 'eu' que eu lembro e as pessoas conhecem

O 'eu' que eu me criei para desabafar

Sim, talvez eu esteja me enganando

Talvez eu esteja mentindo

Mas não estou mais com vergonha, este é o mapa da minha alma”


Aqui é possível identificar dois indivíduos, Kim Namjoon e RM, um que ele lembra quem é e o outro que foi criado. São tantas personas que até ele pode se confundir, Kim Namjoon, idol, líder, rapper; é bem comum idols terem crises de identidade devido à isso.


Mapa da Alma é chegar no autoconhecimento, reconhecendo e aceitando todas as suas personas, sombras, seu ‘eu’ passado e seu ‘eu’ presente, não tendo vergonha. Na música “Answer: Love Myself” é falado sobre isso também.

O ‘eu’ de ontem, o ‘eu’ de hoje, o ‘eu’ de amanhã

(Estou aprendendo a me amar)

Sem exceções, é tudo ‘eu’


“Caro eu mesmo

Você nunca deve perder a sua temperatura

Porque você não precisa ser nem quente nem frio

Embora eu possa às vezes ser hipócrita ou fingir ser mal

Este é o barômetro da minha direção que eu quero manter”


Essa parte faz referência a outra música deles, “134340”, que utiliza o planeta Plutão como exemplo para dizer que não importa a temperatura em que você esteja, ou o título que você tem, você ainda é inconfundivelmente você e não precisa mudar quem você é por motivos tão triviais.


“O 'eu' que eu quero que eu seja

O 'eu' que as pessoas querem que eu seja

O 'eu' que você ama

E o 'eu' que eu criei

O 'eu' que está sorrindo

O ‘eu’ que às vezes chora

Respirando vividamente a cada segundo e a cada momento, mesmo agora”


“Persona

Quem diabos eu sou

Eu só quero ir

Eu só quero voar

Eu só quero te dar todas as vozes até eu morrer

Eu só quero te dar todos os ombros quando você chora”


Fazendo um jogo de palavras com a palavra “Persona” RM canta colocando foco na última silaba, podendo ser escutado a palavra ‘eu’ em coreano “나”, que é pronunciado [na].


A música é concluída com a mesma pergunta do começo, mas após todo o conflito interno e o estudo do ‘eu’, Namjoon conclui que ele é alguém que quer dar voz à quem não tem, ser voz pelo resto de sua vida, ele só quer voar, e estar ali sempre que precisarem, um ombro amigo.


Como ele mesmo já disse:

“Se ajudamos um pouco o seu sonho e a sua vida com a nossa existência, nossa música, nossas performances, nossas fotos ou vídeos, mesmo que não seja grande, se pudermos reduzir sua dor de 100 para 99, 98 ou 97, isso torna nossa existência merecedora.” – Wings Tour The Final, 2017

A letra completa:



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