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Resenha - Uma Mensagem Maior: Conversas com David Hockney

  • Foto do escritor: Avaloney
    Avaloney
  • 13 de abr. de 2022
  • 3 min de leitura

Título original: A Bigger Message: Conversations with David Hockney

Título em coreano: 다시, 그림이다

Autor: Martin Gayford

Ano de publicação: 2011


Sinopse: Brilhante, esclarecedora e divertida; uma década de conversas entre David Hockney e o crítico Martin Gayford, explorando a natureza da criatividade por meio de reflexões, anedotas, paixão e humor…



"À medida que nossas conversas prosseguiam, comecei a entender a insistência de Hockney em falar de "camadas". Um pintor não se limita a acrescentar cada vez mais tinta a uma tela ou folha de papel: estão em andamento novas ideias e observações, cada uma ajustando-se à anterior. O processo de escrever — refletir sobre o tema, editar e ampliar o que escrevemos antes — é essencialmente o mesmo. Grande parte das experiências humanas, quando paramos para pensar no assunto, é questão de camadas. Entendemos o presente comparando-o ao passado — camada sobre camada — e, quando pensamos nele mais tarde, acrescentamos ainda mais camadas. E, à medida que fazemos isso, nosso ângulo de visão se altera."


Numa tarde abafada do verão de 2021, pechei por acaso numa notícia de 2018: o recorde de preço na obra de um artista vivo, pertencente a Jeff Koons desde 2013, havia sido batido. Lendo a matéria por alto, encontro um nome conhecido para os Armys. Hockney havia vendido um de seus quadros por US$ 90 milhões.


Lembrei então desse livro parado na estante já há alguns meses. Havia conseguido numa promoção por menos da metade do preço e sabia que o leria, mas não era minha prioridade de leitura nem meu foco de interesse havia sido a pintura naqueles últimos tempos. Mas uma pergunta já antiga voltava a me assombrar: por que um quadro poderia valer tanto? — Ou melhor: por que algumas obras podem chegar a valer centenas de vezes o valor de outras? Ninguém melhor que um pintor e um crítico de arte que somam juntos décadas de experiência para responder a essa pergunta.


Não apenas a resposta da minha pergunta estava, de fato, escondida no meio do livro, como a de muitas outras perguntas que já havia feito e desistido de procurar a resposta. Hockney é, pelos olhos de Gayford e de outros artistas de diferentes áreas que trabalharam sobre sua figura, surpreendentemente vasto e atemporal. Tem opiniões muitas vezes sensíveis ou ácidas sobre os mais diversos campos da arte, e isso é visto tanto nos vídeos e documentários quanto nas falas guardadas por Gayford durante dez anos de amizade para o produto final — esse livro. Hockney dá a opinião e Gayford explica pacientemente o que está por trás de determinadas falas de Hockney, permitindo aos iniciados na arte compreender melhor e aos que aspiram a sê-lo ter uma base clara para conseguir construir satisfatoriamente suas primeiras noções dessa nova perspectiva para enxergar o mundo através dos olhos de dois especialistas, que discutem nomes grandes e o porquê desses nomes serem grandes — pois com certeza quem está lendo, iniciado ou não, já se viu encarando um quadro de Picasso sem entender o que faz dele e do cubismo epítomes na arte.


Hockney — através de Gayford — traz também algumas curiosidades destiladas em argumentos: você já tinha reparado, por exemplo, que a cintura do São João Batista de Caravaggio é anormalmente larga? Isso porque, segundo uma teoria do próprio Hockney, Caravaggio usaria a fotografia antes de ela ser oficialmente inventada dois séculos depois. (A própria fotografia, a propósito, é objeto de crítica de Hockney, apesar de ser uma de suas ferramentas de trabalho.)


Caravaggio, S. João Batista no deserto, c. 1064-05

Não se trata de uma biografia, mas de um instantâneo de David pelos olhos de seu amigo, que admira seu trabalho e sua perspectiva sobre o trabalho dos outros. O livro em si tem ar de entrevista e reportagem, mas é muito mais uma conversa sobre o que é a arte, seus nomes e suas técnicas.




Cheguei até esse livro, assim como todos, pelo Namjoon lendo num Bangtan Bomb.



A obra é toda ilustrada, tanto com obras de Hockney quanto de outros artistas citados por eles, abrangendo o máximo de técnicas e estilos possível dentro da proposta. Funciona muitíssimo tanto para entusiastas quanto para quem tem zero conhecimento sobre arte. Gayford teve esse cuidado de deixar acessível a todos e disponibilizar uma lista de leituras complementares nas páginas finais.


Infelizmente, não temos PDF em português disponível, apenas em inglês. Mas a leitura não é exatamente difícil, e boa parte do livro são ilustrações.


“Todos os bons artistas fazem com que o mundo que nos cerca pareça mais complexo e mais enigmático do que nos costuma parecer.”


Curiosidades:

Notícia de 2018 que li: clique aqui

Seguindo a temática artística, aqui está umas edits feita por army que merecem reconhecimento.



2 commenti


Mike De Paula
15 feb 2024

Estava procurando livros que falam sobre criatividade para melhorar o conteúdo do meu blog sobre livros e acabei chegando aqui no post, fiquei curioso para ler esse livro. Tem outras recomendações?

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Avaloney
Avaloney
16 feb 2024
Risposta a

Oi! Vou recomendar dois que são os que ando mexendo ultimamente:


a) "Conversas com Elizabeth Bishop", George Monteiro (org.)

Esse livro tem uma pegada parecida com Uma Mensagem Maior, mas cada capítulo é um autor diferente. Uma parcela do livro são reflexões sobre a vida de Bishop e como cada parte dela influenciou sua obra. Discute arte e poesia como Hockney e Gayford discutiram arte e pintura.


b) "Só Garotos", Patti Smith (esse é mais famoso)

Essa é quase uma autobiografia da Patti Smith focando na relação dela com Robert Mapplethorpe antes da sua morte precoce. Esse livro é muito delicado, Smith chega longe com filosofias simples, mas certeiras. A criatividade aqui fica em grande parte subentendida e explícita só…

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